“O que distingue as pessoas que chegam ao topo é que elas
aprendem melhor e mais velozmente que as outras”.
- Fernando Jucá
- Fernando Jucá
Certamente, muitos profissionais já tiveram a sensação de
tempo perdido ao serem convocados para treinamentos na empresa. De acordo com
Jucá, é comum ouvir dos executivos frases como: não adianta realizar programas
de treinamento, nessa empresa as coisas nunca mudam”, ou “para que me inscrever
em um curso de técnicas de apresentação, se não tenho o dom de falar em
público”, ou ainda “o treinamento foi bom, mas quem deveria ter participado era
o meu chefe e não eu...”.
Mas, o que é preciso mudar para aprender mais rápido?
Segundo o especialista, algumas mudanças em relação ao que os profissionais
entendem como aprendizado são essenciais para turbinar a sua capacidade de
aprender.
Confira:
Atividade só intelectual
x conexão direta com comportamentos
“O aprender é
percebido como uma atividade puramente intelectual”, diz Jucá. Ou seja, você
aprendeu o nome da capital de Botswana ou quando ocorreu a Guerra do Paraguai e
guarda essas informações na cabeça. Se alguém perguntar, você responde e
pronto.
O primeiro passo é mudar esta concepção de aprendizado,
segundo Jucá. “Aprendizado implica a mudança de comportamento. Se tal mudança
não ocorreu, estamos falando apenas de enciclopedismo gratuito, para gastar em
almoços e festas”, explica.
Absorver x enriquecer
ou modificar modelos mentais
Grande parte das pessoas imagina o aprendizado como um
processo de absorção, pura e simplesmente, lembra Jucá. E se aprender é mudar
comportamentos, a relação direta é com modelos mentais.
Eles são o gatilho para a mudança de comportamento, diz
Jucá. “Modelos mentais são construídos e refinados sem parar. As fontes para
esse processo são quase infinitas, mesmo que muitas vezes sutis”, explica o
especialista.
Um comentário de um colega no corredor sobre o chefe pode
ajustar seu modelo mental sobre perspectivas de carreira, por exemplo. “Os
resultados frustrantes de uma reunião com a equipe de vendas podem reforçar seu
modelo mental sobre o trabalho em equipe”, diz Jucá.
Conteúdo vem pronto
de fora x o conteúdo é transformado por mim
O conteúdo vem pronto, resta absorver por meio da atividade
intelectual. Este é mais um exemplo de quão deslocado pode estar o seu conceito
de aprendizado.
Jucá explica. “Há uma interação constante entre novas
experiências e meus modelos mentais, uma coisa influencia a outra”, diz.
Imagine duas pessoas
que participam da mesma frustrante reunião de vendas citada no item 2. “O
aprendizado ainda assim poderia ser completamente distinto”, diz Jucá.
Fontes formais, como
livros x experiências variadas, às vezes até a leitura
De onde vem o conhecimento? “Dos livros, oras”, podem dizer
alguns. “Da internet, mais especificamente do Google, diriam outros”.
Grande parte das pessoas entende que o conhecimento está nos
cursos, livros, na internet, enfim são várias as fontes, mas todas formais.
Jucá faz um contraponto: “o aprendizado vem de experiências variadas, às vezes
até a leitura”, diz Jucá.
Momento específico x
o tempo todo
Agora vou ler um livro, agora vou estudar, enfim só agora
vou aprender. Conforme explica Jucá, é frequente dividirmos o tempo em dois
momentos: hora de trabalhar, hora de estudar.
“Pode perguntar para um executivo o que ele fez no dia. Ele
vai dizer que comandou, pensou, se comunicou, escreveu...dezenas de verbos, sem
a menção da palavra aprender”, diz Jucá.
É importante desfazer essa separação. Aprender não é algo que se faz em um momento específico, você aprende o tempo todo.
É importante desfazer essa separação. Aprender não é algo que se faz em um momento específico, você aprende o tempo todo.
Acúmulo gradual de
saber x desaprender também é essencial
“Interessante também que a atividade de aprender sempre é
associada ao acúmulo gradual de conhecimentos”, diz Jucá. É como um copo que
vai sendo cheio de água, por exemplo. Você não descarta nada, apenas inclui
novas informações.
De acordo com Jucá, desaprender é o x da questão e o grande
desafio para os adultos interessados em turbinar a capacidade de aprender.
“A maior dificuldade dos adultos versus as crianças em aprender é explicada não porque não conseguimos fazer novas conexões neurais para enriquecer nossos modelos mentais e sim porque é muito difícil enfraquecer conexões neurais antigas, modificando então nossos modelos mentais atuais”, diz o especialista.
“A maior dificuldade dos adultos versus as crianças em aprender é explicada não porque não conseguimos fazer novas conexões neurais para enriquecer nossos modelos mentais e sim porque é muito difícil enfraquecer conexões neurais antigas, modificando então nossos modelos mentais atuais”, diz o especialista.
Assim, não deixe que o conhecimento antigo cristalizado
paralise a transformação de modelos mentais. Por fim, fique com esta definição
de aprendizado: “aprendo quando enriqueço ou modifico meus modelos mentais,
alterando meu comportamento”.
Fonte: Exame
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