quinta-feira, 3 de outubro de 2013



Além do cumprimento de leis e da manutenção preventiva do veículo, a maneira de conduzir é outro fator de suma importância para a segurança no trânsito. Os bons hábitos ao volante podem evitar acidentes, como também prejuízos no funcionamento dos veículos. No entanto, tais hábitos ainda não são tão comuns na maioria das cidades do país.

Nos últimos anos, com o expressivo aumento do volume de carros, trafegar pelas vias brasileiras tem se tornado uma tarefa estressante. Diante disso, muitos motoristas buscam formas mais confortáveis de dirigir, mas às vezes acabam por cair nos chamados vícios ao volante. Para esclarecer como manias ao dirigir podem prejudicar os veículos, o Yahoo conversou com Juan Carlos Horta Gutiérrez, Doutor em Engenharia Mecânica pela Escola de Engenharia de São Carlos - USP.

Confira um pequeno guia com os principais vícios ao volante e os problemas que cada um pode ocasionar:

Descansar o pé no pedal de embreagem 

Esse é um dos vícios mais praticados e talvez o mais difícil de ser corrigido. São muitos os motoristas acostumados a deixar o pé apoiado na embreagem, enquanto dirigem. Porém, essa mania pode custar caro. A pressão exercida, mesmo aparentemente pequena, pode prejudicar a embreagem acelerando o desgaste do disco, molas e rolamentos em até 40%.

Dirigir com a mão apoiada na alavanca de câmbio 

Muitos carros não apresentam aquele apoio central para o braço direito do condutor. Daí que alguns motoristas já acostumados com o assessório, passam a apoiar a mão na alavanca de câmbio, para se sentirem mais confortáveis, ao dirigir. Porém, tal hábito acaba por forçar o trambulador, peça fundamental na ligação entre o câmbio e as engrenagens da transmissão, desgastando seus terminais. A mania também é responsável por diminuir a vida útil das engrenagens envolvidas.

Dar a última acelerada antes de desligar o carro 

Esse é certamente um daqueles vícios que passam de pai para filho. O Professor Adjunto da Universidade Federal de Minas Gerais, Juan Carlos Horta Gutiérrez explica a origem desse vício e o que pode ocasionar. "Antigamente, isso era utilizado para deixar combustível nas linhas de fornecimento para o motor, o que facilitaria a próxima partida dele, ou para deixar os componentes do motor melhor lubrificados. Nos motores atuais, já não é mais necessário. Dar a última acelerada pode prejudicar a correta lubrificação e vida útil do motor, inclusive do catalisador", aponta Juan. Além do desgaste do motor, essa antiga mania ainda leva ao desperdício de combustível.

Conduzir o carro em ponto morto em longas descidas 

Popularmente conhecida como "banguela", tal "estratégia" é utilizada por motoristas que acreditam economizar combustível ao dirigirem dessa forma. Porém, o especialista em engenharia automobilística, Juan Carlos Horta afirma que "nos carros de injeção eletrônica, o que acontece é justamente o oposto".

Além do aumento no consumo de combustível, a prática pode acarretar em outros problemas, segundo Horta. "Esse modo de dirigir não aproveita a possibilidade de controlar a velocidade do carro com ajuda do trem de força (motor e transmissão) e com isso reservar os freios para uma freada de emergência se necessário. Na banguela, o motorista usa frequentemente os freios para o controle da velocidade de descida e o resultado disso é uma sobrecarga no sistema de freios do automóvel", pontua Juan.

Passar em lombadas com apenas duas rodas na diagonal 

Alguns condutores, quando estão em alta velocidade e, subitamente, avistam um quebra-molas decidem por frear e em seguida passar transversalmente (uma roda por vez) pelo obstáculo. Porém, essa manobra também pode trazer sérias consequências para o bom funcionamento do veículo, conforme alerta Juan Carlos Horta. "Isso pode provocar a torção da carroçaria se não for feito cuidadosamente, passando em baixa velocidade. Além disso, pode danificar componentes da suspensão como amortecedores e buchas, assim como do sistema de direção (juntas homocinéticas), rolamentos e etc", explica o especialista.

Conduzir com o tanque na reserva 

Dirigir com cinco litros ou menos de combustível no tanque pode até garantir o funcionamento do sistema de alimentação, mas é insuficiente para proteger a bomba de combustível de seu veículo. "Nos veículos com injeção eletrônica, a bomba de combustível fica submersa dentro do depósito de combustível e é elétrica, e não mecânica. Logo, o nível de combustível deve ser suficiente para garantir a lubrificação e o arrefecimento da bomba, possibilitando seu funcionamento. Quando o nível de combustível diminui muito, ou seja, entra na reserva, o funcionamento e a proteção da bomba podem ficar comprometidos", ressalta Juan Carlos Horta.

Frear em buracos dos quais não conseguiu desviar a tempo 

Se não puder desviar de um buraco, não freie. Segundo Juan Carlos Horta, tal manobra aumenta o impacto e sobrecarrega a suspensão e o próprio sistema de freios. "O fato de frear ao passar por um buraco fará com que a roda transmita o impacto da batida para a suspensão podendo ocorrer danos maiores que se tivéssemos atravessado o obstáculo naturalmente. Ao frear, a suspensão fica rígida e perde sua capacidade", alerta Juan.

Fonte: Yahoo!

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